Aldeia Brejão em Nioaque recebe Ação do CECANE/UFMS para Promoção de Boas Práticas na Fabricação e Manipulação de Alimentos

Postado por: Ana Pereira

No dia 01 de maio de 2025, a Aldeia Brejão, localizada no Território Indígena de Nioaque/MS, recebeu o curso: Boas Práticas de Fabricação e Procedimentos Operacionais Padrões, realizado pelo CECANE/UFMS em parceria com o projeto Rota da Qualidade coordenado pela Profa. Mariana Prates, e contou com a participação das acadêmicas do Curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS): Darly Beatriz dos Santos Melo, Maria Danieli da Silva Ramos e Stéfany Cândido Justino. A equipe do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane) da UFMS, responsável pelo Produto 2: Fomento à inserção de produtos da Agricultura Familiar na Alimentação Escolar, organizou esta ação por meio das professoras Raquel Campos e Rosane Bastos (Agente Cecane), e da bolsista Ágata Beatriz Trevisan de Souza.

A atividade teve início com as boas-vindas pelo coordenador de projetos da Associação Hanaiti Yomo’omo (AHY), Alexsandro Souza, que acolheu os participantes e a equipe do projeto, agradecendo a oportunidade da realização do curso (Figura 1). A AHY realizou a divulgação nas demais aldeias do Território Indígena de Nioaque e contou com o apoio e parceria do Vereador Neguinho da Santa Amélia e a Prefeitura Municipal de Nioaque, que forneceram os alimentos para produção das refeições aos participantes.

A equipe do CECANE/UFMS iniciou os trabalhos com informações sobre as ações realizadas pelo CECANE. O objetivo do curso foi levar orientações sobre organização do ambiente, boas práticas de manipulação de alimentos e a aplicação dos Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) visando a obtenção e oferta de alimentos seguros para o consumo.

Figura 1. Início do Curso sobre Boas Práticas de Fabricação na Associação Hanaiti Yomo’omo (AHY), Aldeia Brejão no território Indígena de Nioaque/MS.

Participaram do curso diversos profissionais, como professores da rede estadual e municipal, diretores, merendeiras, feirantes, e outros membros da comunidade indígena que trabalham com produção de bolos, pães, pizzas e doces em geral. Além da Aldeia Brejão participaram representantes de outras aldeias da Terra Indígena de Nioaque, como: Aldeia Água Branca, Aldeia Taboquinha e Aldeia Cabaceira.

Durante o curso, as alunas explicaram de forma prática e acessível o Programa 5S, que aborda a importância da organização, limpeza e disciplina nos ambientes de trabalho, especialmente em locais onde os alimentos são preparados (Figura 2).

O foco do encontro também foram as boas práticas de manipulação de alimentos, abordando temas essenciais como higiene pessoal, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), controle de temperatura e a importância da higienização adequada de utensílios e superfícies. Além disso, os POPs foram discutidos como uma ferramenta fundamental para padronizar processos, garantir a segurança dos alimentos e o bem-estar dos consumidores (Figura 3).

Para enriquecer a experiência, a Profª. Raquel conduziu uma dinâmica prática com os participantes (Figura 4). A atividade foi pensada para reforçar os conceitos (POPs) abordados e incentivar a participação ativa da comunidade, assim como promover um momento de reflexão e troca de experiências, o que propiciou maiores informações sobre as ações do CECANE/UFMS.

Também foi um momento de repasse de informações. A equipe informou que segundo a Resolução nº 06/2020 do FNDE: “Recomenda-se que o Conselho de Alimentação Escolar (CAE) dos Estados e dos Municípios que possuam alunos matriculados em escolas localizadas em áreas indígenas ou em áreas remanescentes de quilombos tenha, em sua composição, pelo menos um membro representante desses povos ou comunidades tradicionais.” Buscando estimular a participação dos mesmos neste importante mecanismo de controle social. Também foi ressaltado a importância de diálogos com o CAE municipal para o acompanhamento sobre a dinâmica dos produtos que são fornecidos para alimentação escolar de forma a atender os cardápios estabelecidos pelas nutricionistas e viabilizar a execução pelas merendeiras das quatro aldeias. Outro ponto abordado foi a Nota Técnica nº 03/2020/6ªCCR/MPF, devido a importância da inclusão dos produtos das comunidades nas escolas locais, respeitando a cultura local, adquirindo produtos processados considerados autoconsumo dentro da própria Aldeia e desta forma gerando renda e qualidade de vida para a população local.

A ação foi um grande momento de troca de conhecimento, onde os saberes acadêmicos se encontraram com as práticas e vivências locais. A interação entre as alunas, as professoras e os membros do território indígena demonstraram a importância do diálogo constante entre a teoria e a prática, gerando aprendizado mútuo e fortalecimento das relações.

Agradecemos o apoio, também, dos acadêmicos de Engenharia de Alimentos do 1° e 3° semestre que elaboraram cookies e tortas de sardinha e de legumes enriquecidos com farinha de jatobá, visando ampliar o consumo de alimentos mais nutritivos, saudáveis e sustentáveis, que valorizem as espécies nativas, por meio do Projeto de Extensão Agroextrativismo Sustentável (Figura 5).

Com essa ação, o CECANE/UFMS reforça seu compromisso com a promoção da saúde e a segurança alimentar e nutricional, além de evidenciar a importância do engajamento na produção em condições higiênico-sanitárias em conformidade com a legislação, e assim fortalecendo a comunidade local. A equipe espera continuar esse trabalho e expandir as iniciativas em outras regiões.

Figura 2. Acadêmicas da Engenharia de Alimentos da UFMS que ministraram temas sobre qualidade e segurança dos alimentos.

Figura 3. Apresentação das Boas Práticas de Manipulação e Procedimentos Operacionais Padrões pela equipe do Projeto Rota da Qualidade da UFMS.

Figura 4. Apresentação dos conteúdos da dinâmica sobre Procedimentos Operacionais Padronizados, na parte da tarde.

Figura 5. Acadêmicos do curso de graduação de Engenharia de Alimentos, participantes do projeto Agroextrativismo Sustentável, na Unidade de Tecnologia de Alimentos da UFMS, após a elaboração de produtos com farinha de jatobá: torta de legumes com palmito de guariroba e cookies.